segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sobre Ensino e Aprendizagem

Durante a discussão em grupo, o tópico que mais nos chamou atenção refere-se à relação ensino-aprendizagem, discorreremos um pouco sobre o tema.
Entender uma lição como uma leitura em público é também entender a postura que um professor deverá assumir ao exercê-la; o professor é aquele que dá o texto a ler, que compartilha a leitura, movimenta o prazer pela mesma, e para que essa convocação seja correspondida é necessário paixão por parte do docente, paixão esta que poderá ou não ser compartilhada pelo aluno.
Essa movimentação também nos leva a pensar na relação ensino-aprendizagem, que mesmo sendo coisas distintas só serão efetivamente possíveis se estiverem constantemente intereligadas, de forma que uma complete a outra.
Grupo: Bárbara, Fernanda, Giovanna, Lara, Luíza e Nina

Reflexão sobre o texto de Jorge Larrosa

A questão que teve maior repercussão na discussão do grupo foi o ensinar e o aprender. O ensinar e o aprender são processos que ocorrem simultaneamente? Será que trata-se de um processo recíproco?
O autor compara tal processo com uma carta: o professor escreve uma "carta" aos alunos e espera que ela seja lida e respondida. Porém, nem sempre a carta é aberta ou lida por inteiro e pode não ser respondida: " E uma vez que uma carta é como uma parte de nós mesmos que remetemos aos que amamos, esperando resposta, o professor gostaria que essa parte de si mesmo, que dá a ler, também despertasse o amor dos que a receberão e suscitasse suas respostas".
O ler não está no sentido de obrigação, mas de uma tarefa e de uma dívida para com aquilo que nos foi dado. Segundo o autor, a dívida só se salda assumindo a responsabilidade da leitura, a tarefa só se cumpre no movimento de ler.

Texto produzido pelo grupo:
Ana Paula Francisconi, Ana Paula Soares da Mota, Érica Caria, Flávia Rezende, Juliana Hulshof, Milena Cássia e Tatiana Antunes.

Ensino e Aprendizagem

O grupo discutiu os três tópicos apresentados. Porém, focamos nossa discussão na relação ensino e aprendizagem.
A questão que mais chamou nossa atenção foi a de que se necessariamente o ensino e a aprendizagem ocorrem simultaneamente. Pois, na verdade, raramente paramos para refletir essa relação e perceber que ela pode ocorrer de uma forma separada, afinal o professor apresenta a sua leitura do texto, mas não necessariamente os ouvintes irão compreendê-la da mesma maneira que o professor pretende transmitir.
Outro ponto foi o de que ao ler a lição não devemos procurar respostas, pois ela vem reabrir espaço para discussão, segundo o texto "ler é recolher-se na indeterminação do dizer".

Discutido por: Gabriela, Laressa, Leticia e Sarah

Balanço de Conhecimentos -mês de agosto

Olá!
Gostaria de que vocês aproveitassem o feriado de 07/09 para elaborarem o primeiro Balanço de Conhecimentos da disciplina. Não se trata de uma simples avaliação das aulas, mas de um trabalho individual sobre o tema do mês - no caso Identidade e Diferenças. Não é um resumo das leituras, mas um texto em que vocês aferirão os ganhos que obtiveram com nossos estudos em relação ao que já conheciam sobre o tema estudado.
O texto não deverá exceder a uma folha de sulfite A4, fonte Times 12 e espaço simples. Coloquem no cabeçalho BALANÇO DE CONHECIMENTOS REFERENTE AO MÊS DE AGOSTO/2009, assinem e entreguem o balanço para mim na aula do dia 14/09. Por favor, observem o prazo de entrega dessa atividade e não deixem de colocar uma cópia no Portfólio de vocês no Ensino Aberto, certo?
Bom trabalho e até breve.
Profa.Maria Teresa

domingo, 30 de agosto de 2009

Frases do texto pra pensar...

“Entrar num texto é morar e demorar-se no dito do dito.”
“que não haja um final nem uma lei para o dizer, que o dizer não se acabe nem se determine.”
“Ler com os outros: expor os signos no heterogêneo, multiplicar suas ressonâncias, pluralizar seus sentidos.”
Na amizade, “ressoar juntos. Relação refratária à síntese, alérgica à totalização, resistente à generalização.”
Na liberdade, “ver o que não foi visto nem previsto. E (..) dizê-lo.”
“Mas para que essa liberdade seja possível, é preciso entregar-se ao texto, deixar-se inquietar por ele, e perder-se nele.”

Com-posição

Lição
um convocar, chamado, convite, convocar a voz de – entrega mútua
simultaneidade: jogo de implicar – liberdade amizade
envolver-se com consigo para o infinito

Ensinar
um escolher dar a pensar
presentear, despertar
com-partilhar

Ler
um emprestar da voz exterior para a voz interior
interiorizar re-ver perguntas-respostas
pensar

Lição de Invenção

Escolher a passagem mais incompreensível do texto de Jorge Larossa só não é mais difícil que descobrir a finalidade de tanta divagação. Escolhi, então, para comentar, algumas das mais disparatadas:

- "
O texto a que os alunos são convocados é o fluxo do que se vem dizendo ou, melhor, "do que, dizendo-se, vem". Sempre o mesmo, mas sempre cada vez. Por isso, ler é recolher o que se vem dizendo para que se continue dizendo outra vez (que é outra vez a mesma e cada ve"? outra vez) como sempre se disse e como nunca se disse, numa repetição que é diferença e numa diferença que é repetição." - Alguma vez lhe ocorreu, àquele(a) que lê, que "ler" seria tal recolhimento? E o que seria a sinonímia entre repetição e diferença? Será que o próprio Jorge Larossa daria explicação convincente de tamanho absurdo?

- "
Amizade de leitores: participação no comum do texto como aquilo que diferencia. Mas numa diferença que não é referível a nenhuma tota-lidade, que não é redutível à unidade, à integração ou à síntese do diver-so. Por isso, a comunidade dos convocados à lição tem seu ser na dis-persão e na descontinuidade, na divergência, na dessemelhança, na dis-tinção e no dissenso. Comunidade dos que não têm em comum senão o espaço que faz possível suas diferenças. Comunidade cujos membros não se conjugam nunca em comum, ainda que não deixem de ressoar juntos. Relação refratária à síntese, alérgica à totalização, resistente à generalização. Relação no texto como o que separa sem re-unir." - A despeito da ausência de sentido e da presença misteriosa de hífens, o trecho prova a aversão que autores como Jorge Larossa e afins têm pela análise da totalidade das coisas e pelas sínteses, encastelados que são na propalada "multiplicidade de discursos", que acaba por lhes servir de desculpa para se eximirem de debates públicos, em que suas fantasias muito dificilmente se sustentariam.

- "
O texto comum é o texto no qual os leitores participam, é o texto com-partilhado entre os leitores, o que os leitores com-partem, o que os parte em comum, o que não se com-parte a não ser como partição e re-partição.
Por isso, os leitores não têm em comum senão o comparecer juntos ante a dissolução ou a desintegração do comum como aquilo que os une, e ante o aparecimento do comum como aquilo que os divide.
" - Escrever de maneira ininteligível parece ser recurso muito comum entre os que não têm nada válido a dizer.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

POSTAGEM DA LIA

Oi Gente, a Lia me escreveu dizendo que está com dificuldades de postas as coisas, então estou postando por ela, ok? Um beijo e bom final de semana a todos, Carol

O CIRCO

Neste fim de semana fui com meu filho assistir ao espetáculo da Universidade do Circo (Unicirco), comandada pelo ator Marcos Frota, localizado na lagoa do taquaral, no portão 5. É impossivel assistir sem se emocionar, pois o Marcos Frota conseguiu tratar muito bem essa questão das diferenças, do “multiculturalismo”, inclusive, um dos seus artistas é paralitico e faz uma belíssima apresentação. Logo de inicio ele mostra um vídeo da para - olimpiada e depoimentos de algumas pessoas, que com muita delicadeza e realismo, quebra qualquer preconceito que possa existir em alguém naquele momento e durante toda a apresentação, é tratado esse assunto com uma magia sem igual, um envolvimento do público com os artistas, além da mensagem que ele traz quando se apresenta que me fez lembrar os textos sugeridos para aula, onde a multiplicidade se prolifera e a diversidade reafirma o idêntico. É um bélissimo espetáculo e espero que todos possam assitir e interiorizar a mensagem. Vale muito a pena. A música do Paralamas do Sucesso, a novidade, também é lembrada durante o show, segue a letra: A novidade veio dar a praia
Na qualidade rara de sereia
Metade o busto de uma deusa maia
Metade um grande rabo de baleia
A novidade era o máximo
Um paradoxo estendido na areia
Alguns a desejar seus beijos de deusa
Outros a desejar seu rabo pra ceia
O mundo tão desigual
Tudo é tão desigualO, o, o, o...
De um lado esse carnaval
De outro a fome totalO, o, o, o...
E a novidade que seria um sonho
O milagre risonho da sereia
Virava um pesadelo tão medonho
Ali naquela praia, ali na areia
A novidade era a guerra
Entre o feliz poeta e o esfomeado
Estraçalhando uma sereia bonita
Despedaçando o sonho pra cada lado
Ô Mundo tão desigual...
A Novidade era o máximo...
Ô Mundo tão desigual...
A HISTÓRIA DE HELEN KELLER
A história de Helen Keller, uma menina cega, surda e muda, é para mim o retrato da pedagogia da diferença. Sob a perseverança de sua instrutora Anne Sullivan Macy, Helen aprendeu a ler e escrever pelo método Braille, chegando mesmo a falar, por imitação das vibrações da garganta de sua preceptora, as quais captava com as pontas dos dedos. Cursou faculdade de filosofia, tornou-se escritora e educadora, além de advogada dos cegos. Segue abaixo os seis links para assistir ao desenho feito sua vida, o último fala um pouco de sua vida, um mini documentário. Todos estão no youtube.
“Tenho o desejo de realizar uma tarefa importante na vida. Mas meu primeiro dever está em realizar humildes coisas como se fossem grandes e nobres” (Helen Keller)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Do primeiro texto

Ainda é tempo de comentar o texto de Tomaz Tadeu, "Por uma pedagogia da diferença".

Destaco o seguinte parágrafo como o mais válido:

"Não se trata, entretanto, apenas do fato de que a definição da identidade e da diferença seja objeto de disputa entre grupos sociais assimetricamente situados relativamente ao poder. Na disputa pela identidade está envolvida uma disputa mais ampla por outros recursos simbólicos e materiais da sociedade. A afirmação da identidade e a enunciação da diferença traduzem o desejo dos diferentes grupos sociais, assimetricamente situados, de garantir o acesso privilegiado aos bens sociais. A identidade e a diferença estão, pois, em estreita conexão com relações de poder. O poder de definir a identidade e de marcar a diferença não pode ser separado das relações mais amplas de poder. A identidade e a diferença não são, nunca, inocentes."

Segui lendo o texto esperando que o autor identificasse os grupos sociais "assimetricamente situados" e que desenvolvesse minimamente as razões pelas quais existe assimetria (um eufemismo escolhido para desigualdade): nem identificação dos grupos, nem o mínimo desenvolvimento, infelizmente.

Ficamos sem saber quais relações de poder estão em conexão com a identidade e a diferença - o que diminui o texto de Tomaz, uma vez que ele rejeita aquela abordagem em que "
o outro aparece sob a rubrica do curioso e do exótico" justamente por não "questionar as relações de poder envolvidas na produção da identidade e da diferença culturais".

Tomaz tampouco questiona tais relações. Ele sequer as apresenta. Assim como o signo para Derrida, uma explicação por parte do autor "não é uma presença". A posição de Tomaz também fica "indefinidamente adiada".

Agora, o autor acerta quando denuncia a artificialidade da identidade: "Sou brasileiro" não diz nada a meu respeito senão que nasci (ou fui registrado) no Brasil. Qualquer outra implicação inferida dessa afirmação seria ideológica, veiculadora de certo interesse ou preconceito - como numa vez em que José Sarney disse que o brasileiro era alegre ou, mais patentemente, como na campanha do Governo Federal: "Sou brasileiro e não desisto nunca", que, propositalmente, reforça o individualismo - "sou brasileiro", quando muito bem poderia ser "somos brasileiros" - e que alimenta a idéia de que se deve procurar persistentemente uma solução particular para uma situação difícil.

Só não é apresentada a situação em que vive a maior parte dos brasileiros, cuja adversidade não surpreende que leve muita gente a desistir.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Caramba! Estou muito feliz em entrar no blog e ver essas postagens, cheias de reflexões e discussoes!! Pelo jeito estamos aproveitando mesmo a oportunidade da expressão de uma maneira diferente...
Aproveito parea pedir desculpas pela minha ausencia hoje, mas passei por um probleminha de saúde e no horário da aula estava no hospital.
Continuem a escrever pra mim quando tiverem alguma dúvida, ok?
Um grande beijo e boa semana
Carol

Discussão de Sala

10. A diferença não pede tolerância, respeito ou boa-vonatde. A diferença, desrespeitosamente, simplismente difere.

Foi discutido que não se deve tratar a diferença com tolerância, respeito ou boa-vontade, pois estes sentimentos impedem que vejamos que esse processo de produção social envolve uma relação de poder.
A identidade e a diferença envolvem atribuições do sentido social, como as comparações e pré-julgamentos, por essa razão elas devem ser constantemente criadas e recriadas.
A diferença, do modo como é tratarda socialmente, passa a pré-julgar negativamete os indivíduos.

Gabriela e Sarah

Frase discutida em aula

8- "A diferença é mais da ordem da anomalia que da anormalidade: mais do que um desvio da norma, a diferença é um movimento sem lei. "

Nesta frase, o autor mostra que a anormalidade é uma consequência da anomalia; sendo que esta é algo que a sociedade gerou, não sendo apenas algo que esta fora do normal. Desta fora a diferença é um movimento sem lei, pois não tem algo que a segure, não se fixa.
Ao final de todas as discussões, junto com as outras frases, percebemos que todas estavam marcadas pelas questão da mutiplicidade e da diversidade. Sendo que, a diversidade causa relação de poder, competição e a multiplicidade vem para a multiplicação, ampliando as relações.


Laressa e Letícia Maria.

Todos como diferentes

(fonte: http://www.favor.org.za/ )

Ao ler os textos e perceber que é um assunto muito recente, percebi também, que não o tratamos de forma correta. Assim, com a escola para especiais e a escola “normal” os alunos continuam separados e as escolas também. E como está construída hoje, esta separação vai continuar.
Ainda temos uma relação de poder embutida nos processos de produção social, que é usada com a classificação (que surgem sempre do ponto de vista da identidade; de aquilo que se é). E quando estamos dividindo ou classificando estamos hierarquizando.
Cabe a nós pensarmos qual é a melhor maneira de tratar com as diferenças, o multiculturalismo, a identidade. Talvez o ponto de partida seja tratar todos como diferentes; como são e não tentar classificá-los como iguais e diferentes.

domingo, 23 de agosto de 2009

Identidade, diferença e escola inclusiva

O professor Tomaz Tadeu, inicialmente, apresenta a idéia de que em termos de educação e cultura, tem se assumido a existência da diferença, identidade e diversidade cultural; o multiculturalismo vem sendo exaltado nos últimos tempos. No entanto, ele levanta a necessidade de se avaliar o que é compreendido como diferença e identidade.
Para o autor, os conceitos de identidade e diferença possuem mútua relação. Pois, é preciso afirmar a identidade num contexto onde perdura a diferença. Aí, se faz presente, necessariamente, a relação do eu com o outro. O autor também recupera a dimensão social inerente a afirmação da identidade e diferença, como algo que expressa relações de poder. Dessa forma é que se formam as oposições binárias, onde um grupo se eleva e outro é automaticamente rebaixado, trata-se de grupos que se encontram dimensionados de forma assimétrica, o que produz hierarquização.
No entanto, o autor também apresenta o movimento que vem a desestabilizar as relações de poder que se colocam sobre a afirmação da identidade, no caso, o processo de hibridização. Este é o que vem a por em cheque a noção de identidade fixa, inalterável e coerente, porque a hibridização evoca a mistura, a interconexão e, a conseqüente, instabilidade. A noção de “terceiro espaço” utilizada nesse texto para indicar esse movimento, me parece muito próxima da idéia de mestiçagem, de lugar mestiço, presente na obra “Filosofia Mestiça”.
Já no momento que o autor indaga sobre como a identidade e a diferença, expressas de forma contraditória, instável, inconsciente, ou seja, como algo que se constrói de maneira dinâmica, podem ser traduzidos em forma de currículo e pedagogia, ele propõe, a meu ver, um exercício emancipatório, que se faz a partir de uma Pedagogia da diferença. Ou seja, através de uma reflexão que questiona a criação de uma identidade cristalizada, as relações de poder a ela relacionada e os mecanismos de desconstrução da mesma. E, de acordo com este pensamento, abordar o multiculturalismo em educação, não promove mudança, pois exclui o caráter de produção social precursores da identidade e da diferença.
A meu ver, parece que o texto da professora Maria Tereza, que tem como mote a escola inclusiva, também dialoga com o texto do professor Tomaz Tadeu, no sentido de se construir uma escola das diferenças, na qual se denuncia o caráter construído e artificial da identidade, um espaço onde se permite o processo de hibridização que evoca a mistura, a instabilidade e a mestiçagem.

sábado, 22 de agosto de 2009

Devo ser educador se não consigo lidar com meus próprios preconceitos?

Ouvi esta provocação durante o Fórum "Desafios do Magistério", cujo tema era "Gênero e sexualidade na escola".
Me lembrei desta pergunta ao ler o texto de Tomaz Tadeu da Silva, "Por uma pedagogia da diferença" e o texto de Maria Teresa, "Sobre identidade e diferenças nas escolas". Estes textos chamam a atenção para a pedagogia da diferença, sendo que esta traz questionamentos em torno da produção da identidade e da diferença, bem como do poder que as envolve.
Gostei muito desta proposta e acredito que nós, educadores e educadoras, também devemos nos indagar em torno da construção de nossa própria identidade. O educador que é preconceituoso ou acredita na existência de identidade normal/especial/com problemas de aprendizagem/pobre e etc., não consegue trabalhar na perspectiva da inclusão escolar, ou seja, numa escola das diferenças, pois nesta as identidades são transitórias e inacabadas, não havendo espaço para categorização dos alunos.
Achei os textos muito interessantes para reflexões sobre o currículo e também sobre nossa identidade pessoal.
Acredito que esta imagem represente bem os textos sugeridos ("Sobre a identidade e diferenças nas escolas" e "Por uma pedagogia diferente"). Trata-se de uma imagem da Turma da Mônica, que fez parte da nossa infância e ainda é uma turminha muito presente na infância das atuais crianças. Atualmente, o Multiculturalismo e as diferenças no geral são muito valorizadas por Maurício de Sousa, que apresenta na nova turminha, um personagem que utiliza a cadeira de rodas, um outro com deficiência visual, um negro e um ruivo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Problematizando as pedagogias dos iguais

O texto “Por uma pedagogia da diferença”, de Tomaz Tadeu, nos ajuda a pensar que a questão da inclusão, tão discutida entre os educadores hoje em dia, dever ser problematizada em sua raiz, na própria concepção da palavra incluir, que carrega consigo a noção de abarcar, trazer para junto de. Pensando no conceito de traço, de Jacques Derrida, vemos que o termo incluir tem a marca do excluir: devemos incluir aqueles que excluímos durante muito tempo e que muitos gostariam de continuar excluindo. As exclusões sociais, raciais, culturais, econômicas, são construções lenta e constantemente organizadas pelos grupos sociais.
As pedagogias que conhecemos são dos iguais, por isso precisamos incluir (os “não-iguais”). A escola é a instituição-ferramenta de norma-l-ização de um grupo social. Ensina a nos adequarmos a um modelo europeu, branco, hegemônico, economicamente forte. Quando é forçada a receber os que escapam ao seu padrão, sofre e fica perdida, sem saber como lidar com a diferença cultural que a mesma sociedade produz e com a diferença das necessidades especiais, físicas (o nosso mundo não foi pensado para receber os que não caminham, não vêem, que de alguma maneira não se encaixam...).
Entendo que a educação passa, atualmente, por um momento importante de construção e quem decidir se dedicar a esse processo precisa saber que não há nada simples nessa tarefa. O movimento é a marca maior nos processos de constituição de sujeitos e por isso é interessante conhecer e (tentar) praticar a pedagogia da diferença, que nunca vai ser panfletária, nunca vai publicar normas de como agir/como fazer, mas que, entendida como política, vai funcionar ou fazer funcionar um modo de ser que trans-forma aqueles que entendem essa produção.
Muitos confundem a “proposta” de pedagogia da diferença com um não ensinar, não exigir [e eu, pessoalmente, fico incomodada com a falta de leitura que leva ao rótulo de “esses pós-modernos”, que “relativizam tudo”]. Perceber a necessidade de uma pedagogia outra, que dê conta dos desafios atuais da educação, e trabalhar para um fazer outro no dia-a-dia da escola são tarefas extremamente complexas, que demandam muita competência, criatividade e profundo conhecimento. Era muito mais fácil quando havia um único jeito de fazer e apenas se impedia a participação dos que não se enquadravam.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A diferença a partir do "eu"

Excelente o texto de Tomaz Tadeu da Silva “Por uma pedagogia da diferença”.

Um detalhe aparentemente pequeno chamou minha atenção logo no início. Ao discorrer sobre a idéia de “identidade”, o autor faz afirmações utilizando a primeira pessoa , “sou brasileiro”, “sou negro”, “sou heterossexual”, “sou jovem”, “sou homem” ...

Ao discorrer sobre a idéia de “diferença”, o autor usa a terceira pessoa, afirmando os contrapontos existentes em relação as afirmações em primeira pessoa utilizadas anteriormente: “ela é branca”, “ela é homossexual”, “ela é velha”, “ela é mulher” ... (Veja que já nessa parte a homossexualidade é posta como diferença)

Este é mesmo o script utilizado pela literatura que aborda tal tema, tomando por base sempre o outro como o “diferente”.

O exercício que ora proponho é invertermos o significado desta relação binária, assumindo o “eu” como a possibilidade do diferente e o “outro” ou o “ele/ela” com a perspectiva da identidade.

Assim, “ela ser homossexual”, é uma das condições que dá a ela a identidade que lhe é própria, assim como o fato de ser “ela” também velha, mulher, branca etc.

O que me constitui diferente nesse contexto e me dá uma personalidade própria é o fato de ser “eu” heterossexual e também brasileiro, negro, jovem etc.

As perguntas as quais deveria me submeter então são: o que me constitui diferente, isto é, “não branco”, “não italiano”, “não homossexual”, “não velho” etc. Como essas diferenças se refletem no meu modo de pensar e agir? Ou então, como o meu modo de pensar e agir contribuem para a constituição do meu “ser” tal como é? O que me faz pensar e agir de tal modo? Como se dá a minha associação com os “iguais” na minha diferença e como se dá o nosso convívio (eu e meus iguais) com aqueles que formam um grupo com uma identidade que lhes são próprias?

Ao meu ver, pensar no “eu” como a diferença e no “outro” como a possibilidade de uma identidade, faz com que eu busque respostas através de um processo de auto-conhecimento, não na perspectiva liberal sobre a qual nos alerta Tomaz Tadeu, mas numa perspectiva de como me permito influenciar pelo meio que me cerca na constituição do meu ser. A pespectiva usual privilegia o enfoque na dominação ao que o outro é subjugado, permitindo a ilusão de que o “eu” faça parte da “normalidade” e, portanto, do grupo dominante.

Outra vantagem que penso existir ao se olhar por essa perspectiva é que, concomitante à busca pela constituição do meu ser, ocorrerá também a busca pela conquista do meu espaço de poder (cuja relação com a identidade e a diferença é demonstrada no texto por Tomaz Tadeu), a medida que passo a identificar as influências do meio sobre a minha personalidade, através da incorporação de valores morais e religiosos, possibilitando a esse “eu” elaborar um processo de construção de autonomia enquanto sujeito pensante.

Finalizando, defendo a tese que o centro da discussão sobre a diversidade não deveria ser o “outro”, na perspectiva de que seja ele o diferente, mas o “eu”, na medida em que a diferença que transfiro para o outro reside no fato do “eu” não ser igual a ele, ou seja, reside numa diferença que na verdade está em mim, isto é, na minha concepção de mundo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que se diz, o que se entende

"O que se diz, o que se entende" é o nome de uma crônica (e livro) de Cecília Meireles que poderia servir de título à imagem que inicia o nosso blog. As relações de sala de aula são quase sempre marcadas por um discurso hegemônico iniciado pelo(a) educador(a) e imposto aos(às) estudantes. Entretanto, o bonito da educação é que não se controla a "audição" ou a "leitura" desse discurso. Assim, cada um pode fazer dele o que quiser e falar à vontade sobre a maneira como se relaciona com aquilo que experimentou. Vai haver aqueles que se alinham com a fala original, mas a multiplicidade é a marca maior das relações educacionais = a diferença.

Fruto da discussão do grupo: Bernardo, Davina, Gabriela, Larissa e Sara

domingo, 16 de agosto de 2009

Prezados alunos

Espero que esta disciplina venha acrescentar muitas novidades ao que vocês estão aprendendo no curso e que possamos fazer um bom uso deste blog, expandindo seus limites e chegando a outros colegas e interessados nos nossos estudos.

Profa. Maria Teresa