domingo, 27 de setembro de 2009

Vermelho como o proletariado

Numa das cenas do belíssimo filme a que assistimos, os operários se organizaram num protesto em frente à escola para cegos e conseguiram pressionar o poder público para que destituísse o despótico e insensível diretor de suas funções. O diretor foi derrubado pelos trabalhadores, numa demonstração da força que reside na organização de sua classe.
A História prova que as conquistas da classe trabalhadora resultaram, resultam e resultarão de sua organização enquanto classe. Portanto, a idéia de que "O engajamento ativo na vida das populações subordinadas não é mais necessário (ao contrário, é fortemente evitado como desnecessariamente custoso e ineficaz)" - trecho retirado do livro Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman, além de não se aplicar à realidade, serve aos interesses da classe subordinadora: Bauman é ideólogo da burguesia.
Sua adesão à ideologia burguesa é tão explícita que o autor chega a afirmar que "Não só não há contradição entre dependência e libertação: não há outro caminho para buscar a libertação senão 'submeter-se à sociedade' e seguir suas normas. A liberdade não pode ser ganha contra a sociedade."
Os trabalhadores somente ganharão sua liberdade contra a sociedade! Contra esta em que vivemos, em que as riquezas por eles produzidas lhes são expropriadas pelos proprietários dos meios com os quais eles as produzem. Bauman sabe disso muito bem e o nega justamente porque lhe interessa a permanência da sociedade de classes e do regime de propriedade privada dos meios de produção.
Fiquemos atentos aos interesses dos reivindicadores desta suposta "modernidade líquida": seus interesses são muito sólidos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Vermelho como o papel na mão da professora

- outras notas sobre a imagem inicial do blog -

Por uma outra pedagogia...

Seguir os passos de Sandra Corazza e sacudir o pensamento.

Desejo de ser um educador que se alegra e acena com o quadro vermelho do convite.

Ouvir a fala colorida dos alunos, múltipla.

Interesse na pluralidade de discursos.

Perceber a alegria de aprender em si e no outro.

Defesa do direito de uma aula boa para o professor e o aluno.

Participar das propostas.

A professora traz o convite vermelho e o bonito da imagem é que os alunos participam, em conexões. Rizomáticas, poderíamos dizer com o professor Silvio Gallo, transversais.

Se a pedagogia tiver que ser única, que ela não seja.

Morte à pedagogia maior!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Experiência com os estereogramas

Ontem, especificamente, não consegui identificar as figuras "escondidas" nos estereogramas. No entanto, numa outra vez, lá no CAP - em que temos um livro só de estereogramas - eu consegui perceber uma esfera. Foi muito agradável, porém, como entretenimento. Não tiro outra conclusão pedagógica dessa experiência senão a de que seria interessante proporcionar a mesma experiência às crianças, ou como entretenimento também, ou como introdução a uma aula de óptica.
Querer tirar outra conclusão da tridimensionalidade das figuras escondidas nas imagens bidimensionais; desfocar a visão - ou o "olhar pedagógico"; tentar transplantar a experiência óptica para a prática pedagógica é fechar os olhos à realidade da educação e desconsiderar, deliberadamente, os saberes construídos e aprimorados historicamente por diversos pensadores. É querer partir do zero, como se a história fosse inválida e como se os problemas da educação fossem decorrentes de uma incapacidade de abstração por parte das pessoas envolvidas com a educação - pessoas, essas, que não se disporiam a "transver o mundo", às quais lhes faltaria imaginação - como recentemente afirmavam os organizadores do COLE, Congresso de Leitura.
Não nos falta imaginação. Falta-nos, isto sim, conhecimento histórico: do que já foi feito e das razões pelas quais fracassou ou vingou; dos interesses envolvidos no que foi feito ou no que deixou de ser feito; do modo como produzimos e garantimos nossa sobrevivência material e simbólica. Falta-nos coragem para tomar partido.

domingo, 20 de setembro de 2009

Experiência: definição em mandarim

Depois de ler o texto sobre os apontamentos em relação à Experiência, Larrosa me chamou atenção de ter colocado significados diferentes da palavra "experiência" de diferentes idiomas. Fiquei curiosa. Quais seriam as definições da palavra experiência (經驗) na minha língua materna? Não sei se eu já procurei essa palavra no dicionário, ou se a definição dela fora dada por meus pais. Então peguei dicionário que tem aqui em casa e procurei.

São três definições:

1- Passar por algo que tenha nos marcado na vida;
2- A aquisição de conhecimento ou técnica através da prática ou da conclusão comprovada pela história;
3- Palavra filosófica, que quer dizer conhecer o corpo pelo todo, bem como o conteúdo adquiridoo pelo processamento dos dispositivos sensoriais do corpo físico.

Interessante né?

Nunca pesei nisso. No máximo, a experiência pode significar para mim, apenas a passagem por algo. Mas no texto de Larrosa fala mais do que isso!! Ele fala que a experiência é muito mais que "passar" por algo, é passar por algo que "nos acontece"... !!

sábado, 19 de setembro de 2009

Uma questão

Entrei no curso de pedagogia com a convicção de trabalhar por uma igualdade de aprendizagem entre meus alunos, gostaria que todos aprendessem, mas jamais passou pela minha cabeça fazer uso do autoritarismo para atingir tal meta. Há algum tempo tenho me perguntado: Igualdade de aprendizagem, é possível na pedagogia das diferenças? Gostaria de discutir mais esta questão e saber o que vocês pensam disso.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Notas sobre o texto “Transversalidade...”

Fiz umas anotações sobre o texto “Transversalidade...” e resolvi dividir com vocês!

Dois Modelos de Saberes
Modelo Arbóreo
- metáfora da árvore: o tronco é a filosofia, que aponta em várias direções (disciplinas)
- pressupõe hierarquia: fluxo de informações passa necessariamente pelo tronco (os ganhos/folhas não se conectam entre si)

Modelo Rizomático
- metáfora do rizoma: os pontos de um rizoma podem se conectar a quaisquer outros (conexão); esses pontos não ficam homogêneos ao serem conectados (heterogeneidade); no rizoma há linhas, anéis, abertos, que não se reduzem à unidade de sujeito ou de objeto (multiplicidade); o rizoma pode ser rompido, quebrado, e retomado em linhas, especialmente as linhas de fuga (ruptura a-significante); o rizoma é um mapa produzido, desmontável, e permite múltiplas entradas e saídas (cartografia); considera interessante colocar os decalques sobre os mapas e perceber bloqueios, pontos de estruturação, dualismos, o que permite o surgimento de novos territórios (decalcomania)

Três Maneiras de Pensar o Currículo
Disciplinarização
- compartimentalização dos saberes (e dos currículos)
- corresponde à especialização dos conhecimentos
- maior acúmulo de conhecimento = maior especialização
- conseqüência na educação: fragmentação/”gavetinhas”

Interdisciplinaridade
- integração que busca axiomas (links) com outras disciplinas
- intercâmbios entre disciplinas
- cooperação para enriquecimento recíproco
- conseqüência na educação: percepção da necessidade de interrelacionamento entre disciplinas; tentativa de superação de processo de abstração do conhecimento e da desarticulação do saber
- problema: “a afirmação da interdisciplinaridade é a afirmação, em última instância, da disciplinarização” (exige várias disciplinas)

Transversalidade
- integração de várias ciências
- nos PCNs, do MEC = temas que atravessam o conteúdo de todas as disciplinas (mantém-se a estrutura disciplinar)
- no modelo rizomático = abandono de verticalismos e horizontalismos (da árvore) em favor de fluxos que podem tomar qualquer direção, sem hierarquia definida de antemão; pulverização; multiplicidade; respeito a diferenças; policompreensões infinitas

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eu aceito o convite!

Após ter lido o texto de Silvio Gallo e ter vivenciado a aula de hoje, algumas coisas passaram a fazer sentido para mim. A primeira delas me reporta a minha vida escolar, pois posso dizer (mesmo com angústia) que a disciplinarização, esta metodologia que possui uma concepção de educação, de aluno e, em maior instância, de sociedade, contribui para a formação de uma pessoa cega, incapaz de olhar para o mundo como uma totalidade, uma pessoa para ser devorada e treinada para nunca decifrar!Se isto não compõe uma ideologia, a ideologia dominante, então, eu preciso retomar meus estudos!Por não concordar com essa ideologia, eu enxergo na proposta da transversalidade uma possibilidade. Não vou dizer que ela ficou muito clara para mim, pois eu li somente o texto de Silvio Gallo que foi buscar, principalmente, em Gilles Deleuze e Félix Guattari (autores que eu desconheço, infelizmente), a base para este pensamento. Também quero dizer que não será fácil para mim, porque admitir que toda uma vida escolar contribuiu para sua cegueira, não é fácil!Assim como é difícil olhar hoje para a tranversalidade diante de todo esse histórico. Mesmo assim, gostaria de afirmar uma coisa, não desejo de forma alguma reproduzir em sala de aula, os métodos que produzem a cegueira!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

TEXTO NA PASTA

Pessoal, ontem deixei na pasta da disciplina o texto para a nossa próxima aula.
Quem preferir o livro: "O sentido da Escola" tem como organizadoras; Nilda Alvez e Regina Leite Garcia; mas devemops ter o segundo texto: "Transversalidade e educação: pensando uma educação não - disciplinar" do Prof. Sílvio Gallo
Aproveitem o feriado
Beijos
Carol