domingo, 27 de setembro de 2009

Vermelho como o proletariado

Numa das cenas do belíssimo filme a que assistimos, os operários se organizaram num protesto em frente à escola para cegos e conseguiram pressionar o poder público para que destituísse o despótico e insensível diretor de suas funções. O diretor foi derrubado pelos trabalhadores, numa demonstração da força que reside na organização de sua classe.
A História prova que as conquistas da classe trabalhadora resultaram, resultam e resultarão de sua organização enquanto classe. Portanto, a idéia de que "O engajamento ativo na vida das populações subordinadas não é mais necessário (ao contrário, é fortemente evitado como desnecessariamente custoso e ineficaz)" - trecho retirado do livro Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman, além de não se aplicar à realidade, serve aos interesses da classe subordinadora: Bauman é ideólogo da burguesia.
Sua adesão à ideologia burguesa é tão explícita que o autor chega a afirmar que "Não só não há contradição entre dependência e libertação: não há outro caminho para buscar a libertação senão 'submeter-se à sociedade' e seguir suas normas. A liberdade não pode ser ganha contra a sociedade."
Os trabalhadores somente ganharão sua liberdade contra a sociedade! Contra esta em que vivemos, em que as riquezas por eles produzidas lhes são expropriadas pelos proprietários dos meios com os quais eles as produzem. Bauman sabe disso muito bem e o nega justamente porque lhe interessa a permanência da sociedade de classes e do regime de propriedade privada dos meios de produção.
Fiquemos atentos aos interesses dos reivindicadores desta suposta "modernidade líquida": seus interesses são muito sólidos.

3 comentários:

  1. Nossa, Bauman diz isso mesmo?
    Gostaria de le-lo pra entender melhor, pq a ideia que eu tinha nao era bem essa...

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  2. Eu estou com o livro. Posso localizar as passagens que transcrevi e podemos discutir, quando preferir e se quiser, claro.

    bjo,

    Bernardo

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  3. três passagens mais do Bauman, que provam sua ideologia de classe dominante:

    - "A única vantagem que a companhia de outros sofredores pode trazer é garantir a cada um deles que enfrentar os problemas solitariamente é o que todos fazem diariamente - e portanto renovar e encorajar a fatigada decisão de continuar a fazer o mesmo."

    - "Mas o que aprendemos antes de mais nada da companhia de outros é que o único auxílio que ela pode prestar é como sobreviver em nossa solidão irremível, e que a vida de todo mundo é cheia de riscos que devem ser enfrentados solitariamente."

    - "As únicas duas coisas úteis que se espera e se deseja do 'poder público' são que ele observe os 'direitos humanos', isto é, que permita que cada um siga seu próprio caminho, e que permita que todos o façam 'em paz' - protegendo a segurança de seus corpos e posses, trancando criminosos reais ou potenciais nas prisões e mantendo as ruas livres de assaltantes, pervertidos, pedintes e todo tipo de estranhos constrangedores e maus."

    Sinceramente, nunca antes eu tinha visto a ideologia burguesa tão explicitamente.

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